Hospital no Rio identifica caso de doença raríssima, com menos de 200 diagnósticos no mundo

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Foto Divulgação Hospital Municipal Salgado Filho (HMSF) - Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro

O Globo – 09/01/2024

Divertículo gigante do cólon ocorre quando bolsas se formam na parede do intestino grosso e crescem além do comum; tratamento demanda cirurgia

Médicos do Hospital Municipal Salgado Filho (HMSF), no Rio de Janeiro, identificaram um raro caso de divertículo gigante do cólon (DGC), doença registrada menos de 200 vezes no mundo desde que foi descoberta, em 1946, há 78 anos. O paciente é um homem de 62 anos que foi operado na unidade e está bem.

O relato do achado foi apresentado no 17° Congresso Europeu Colorretal, realizado em dezembro, na Suíça, e publicado na revista científica European Surgery — Acta Chirurgica Austriaca. — O fato de o estudo ter sido publicado nesse congresso, muito restrito e respeitado, é o maior sinal da importância que ele tem — celebra o cirurgião do HMSF que cuidou do caso, Alexandre Fiuza, um dos autores do trabalho.

O que é o divertículo gigante do cólon?

O divertículo é uma pequena bolsa em formato de balão que pode se projetar em diferentes partes do trato gastrointestinal, mas de forma mais comum na parede do intestino grosso. Quando há mais de um, por exemplo, ocorre a chamada diverticulose. Na maioria das vezes, essas bolsas são inofensivas, porém quando inflamam ou se infectam acontece a diverticulite.

Geralmente, os divertículos medem até 4 cm. Porém, alguns raros casos ultrapassam esse tamanho, chegando a até em média 9 cm. São esses os caracterizados como divertículos gigantes do cólon. As causas para esse crescimento excessivo não são bem compreendidas e, na maioria das vezes, o paciente apresenta muita dor abdominal e precisa ser submetido a uma cirurgia.

No caso atendido na capital fluminense, o homem buscou a emergência do hospital com um histórico de dores no abdômen e de perda de peso, sintomas comuns de divertículo, há pelo menos dois meses. Os médicos identificaram a presença de uma massa flácida e dolorosa no lado esquerda do abdômen, e a tomografia computadorizada confirmou o quadro.

No entanto, os profissionais ficaram surpreendidos ao se depararem com o tamanho do divertículo, conta o médico do Programa de Residência Médica da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro Leonardo Fiuza, que atendeu o paciente:

— Nunca tínhamos ouvido falar em divertículo gigante. Pesquisamos e vimos que os casos eram raríssimos. Foi uma surpresa muito grande, que começou com um paciente com queixa de dor na barriga.

A formação encontrada tinha 13 x 12 x 10 cm, maior até mesmo do que o máximo esperado para um caso de divertículo gigante. Os médicos realizaram, então, uma laparotomia – procedimento de abertura cirúrgica da cavidade abdominal – e confirmaram a existência da massa inflamatória na parede da porção final do intestino grosso.

Em seguida, o tratamento consistiu na ressecção do divertículo junto com uma colectomia segmentar (remoção de parte do intestino grosso) e uma anastomose primária, técnica que restabelece a continuidade do intestino na parte removida. A recuperação pós-operatória foi tranquila, e o paciente recebeu alta no quarto dia.

— Ficamos muito orgulhosos pelo fato de o Hospital Salgado Filho ser representado na Suíça, com um trabalho superinteressante sobre um caso tão raro. Também ficamos muito felizes por termos cuidado desse paciente e conseguido liberá-lo para casa, para que ele viva com saúde junto com a família — comemorou Leonardo.

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