Tupi FM – 27/07/2023
Nesta sexta-feira (28) é o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. Durante todo o mês de julho, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS) levou a vacina da hepatite B para diversos pontos da cidade e já aplicou mais de mil doses. Com os avanços do SUS, o número de notificações de casos de hepatites virais no município reduziu nos últimos anos, só os casos de hepatite C caíram 85% em nove anos, e os casos de hepatite A e B caíram 75% e 70%, respectivamente.
A hepatite viral é uma inflamação no fígado causada por um vírus. No Brasil, as mais comuns são as do tipo A, B e C e cada uma delas tem suas particularidades. Hepatologista do Centro Especializado em Infectologia Valda do Borel (CEI), que fica na Praça da Bandeira, na Policlínica Hélio Pellegrino, Mauren Machado fala sobre a doença: “Nem sempre a hepatite apresenta sintomas, mas quando aparecem, se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.”
Os avanços do tratamento e diagnóstico no SUS foram essenciais para a redução de casos notificados. O diagnóstico das hepatites é feito por teste rápido ou por teste sorológico (exame de sangue), disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde. Além disso, o acesso foi descentralizado para a medicação, principalmente contra a hepatite C, e agora está disponível em várias unidades distribuídas em toda a cidade do Rio de Janeiro.
“A pessoa que está com sintomas, ou suspeita de algo, pode ir até uma unidade de saúde e fazer o teste rápido. Em trinta minutos ela terá o resultado. Toda a medicação pode ser retirada pela rede municipal. O serviço do SUS contribuiu muito para os índices de diagnóstico e tratamento das hepatites, principalmente com a oferta de medicamentos”, ressalta a hepatologista.
A redução de casos notificados é observada na série histórica da doença. Em 2013, foram 1.040 notificações só de hepatite C, enquanto neste ano, até o momento, foram 149. De hepatite B, enquanto há 10 anos eram 374 casos, neste ano são 79. Já os de hepatite A, foram 480 casos em 2013 e 36 em 2023.
Durante todo o mês de julho a SMS fez ações pela cidade disponibilizando a vacina da hepatite B para atualização dos esquemas vacinais de quem precisasse. Foram mais de mil doses aplicadas em postos de vacinação espalhadas pelo Centro e nas zonas Norte, Sul e Oeste. No dia 20 de julho, a Gerência de Hepatites Virais da SMS realizou um evento na Fiocruz onde, além de disponibilizar a vacina da hepatite B, houve rodas de conversa, oferta de teste rápido contra as hepatites e distribuição de material informativo.
“Este evento foi muito importante para todos. Precisamos sensibilizar a população em geral quanto à importância da imunização para a hepatite B, assim como o aumento da cobertura vacinal, que foi viabilizado pela disponibilidade de um número maior de pontos de vacinação”, disse a gerente de hepatites virais da SMS, Girleide de Oliveira.
Tatiana Siqueira de Carvalho pegou o vírus da hepatite B quando era recém-nascida, por transfusão sanguínea. Aos 47 anos, ela conta que descobriu a doença somente aos 18 anos: “Eu nasci na década de 70. Naquela época, pouco se sabia sobre doação de sangue. Eu fiquei muito doente logo que nasci e nenhum medicamento melhorou o meu quadro. Por último, os médicos tentaram a transfusão. Quando completei maioridade quis doar sangue e fui até o Hemorio. Foi quando descobri que tinha hepatite B.”
Farmacêutica na Coordenação de Doenças Transmissíveis da SMS, Tatiana é ativa nas campanhas de divulgação de prevenção e tratamento das hepatites virais da Prefeitura, compartilhando sua experiência. E sem se preocupar com tabus, ela sempre falou abertamente com amigos e namorados sobre hepatite B. Hoje é mãe de um menino de 12 anos.
“Sempre quis ter filhos. Eu tenho carga viral negativa e meu marido é vacinado contra a hepatite B. Nós dois sempre conversamos sobre tudo, não podemos ficar com medo ou vergonha. Então seguindo todos os cuidados médicos indicados, para não ter transmissão vertical, quando o vírus passa de mãe para filho, realizei meu sonho”, conta Tatiana.
Conheça os principais tipos de hepatite no Brasil:
A hepatite A, que tem o maior número de casos, é de transmissão fecal-oral através da ingestão de água e alimentos contaminados com fezes do paciente doente ou também pode ser sexualmente transmitida, embora com menos frequência. Está diretamente relacionada às condições ruins de saneamento básico e de higiene. Ela pode ser prevenida lavando bem as mãos e alimentos, consumindo água filtrada e fervida.
O tratamento é feito apenas com o uso de remédios para febre, náusea, dor de cabeça, e também pode ser prevenida com a vacina disponível no SUS. Crianças entre 1 e 2 anos, pacientes com doença hepática crônica, imunodeprimidos e outros casos específicos podem se imunizar.
A hepatite B, é transmitida principalmente por via sexual, transmissão vertical de mãe para filho, uso de drogas inaláveis ou injetáveis com o compartilhamento de canudos, seringas e agulhas e através do contato sanguíneo através de materiais cortantes não esterilizados.
Pode apresentar os sintomas já citados ou ser totalmente assintomática e infelizmente pode evoluir para cirrose e para câncer de fígado quando não tratada. O tratamento pode ser feito pelo SUS, que oferece gratuitamente a retirada de medicação. A melhor forma de prevenção é a vacina, associada ao uso de preservativos.
A hepatite C tem como principal forma de transmissão o contato com sangue, através da transfusão de sangue ou hemoderivados contaminados, drogas injetáveis ou inaláveis e compartilhamento de material cortante não esterilizado, e também pode ser sexualmente transmitida.
É a principal causa de cirrose, câncer de fígado e transplante hepático no Brasil. A doença se torna crônica em 80% dos casos, na maioria dos casos é assintomática. Com a introdução das chamadas drogas de ação direta (DAA), o tratamento para este tipo da doença evoluiu. A duração do tratamento era de 48 semanas, com 60% de chance de cura, agora são 12 semanas com mais de 95% de chance de cura.
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