O Dia – 27/11/2023
Previsão é que 2024 será um ano atípico tendo em vista a aceleração dos indicadores climáticos
A prefeitura anunciou, nesta segunda-feira (27), uma série de medidas para minimizar o impacto das ondas de calor previstas para os próximos meses, com a aproximação do verão. Entre as principais ações estão a criação de mais de 100 pontos de hidratação e a ampliação de áreas verdes na cidade. As providências foram apresentadas no Centro de Operações com a participação dos secretários de Saúde, Daniel Soranz, de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula, e o chefe-executivo do COR, Marcus Belchior.
Nos últimos seis meses, quatro ondas de calor diferentes atingiram o Brasil. A última delas, em novembro, considerada a mais forte, foi responsável por registrar novos recordes de temperatura e sensação térmica no Rio com 43,8ºC em Guaratiba, na Zona Oeste e 59,7ºC, na mesma região, respectivamente. Os números foram marcados no último dia 18 de novembro.
Segundo a prefeitura, 2024 será um ano atípico tendo em vista a aceleração dos indicadores climáticos. Outra camada de problema é a passagem do El Niño, que acelera a crise climática enfrentada. “Pensando localmente, nós somos uma cidade litorâneas já suscetível a ocorrências climáticas e a junção do aquecimento global, El Niño e as variáveis do Rio colocam para nós um desafio ainda maior”, explicou a secretária Tainá de Paula.
A secretaria busca preparar a cidade e pensar em políticas pública de incidência ambiental e climática em médio e longo prazo. A ampliação das áreas verdes é vista como uma medida fundamental para diminuir o impacto das ondas de calor na cidade. Atualmente, cinco parques estão em construção e o fim das obras estão previstas para o próximo ano. Juntos, as áreas terão cerca de 50 mil árvores plantadas. As ações de reflorestamento e construção de hortas visam minimizar os danos causados pela crise climática.
De acordo com a secretária, o Rio é a única cidade com programa de reflorestamento permanente. Mais de 300 mil mudas já foram plantadas desde 2021 no Rio. A prefeitura busca implementar, a partir de janeiro, drones em áreas de reflorestamento. A ferramenta permitiria o lançamento de 100 mil sementes em apenas cinco horas. Por dia, o drone teria a capacidade de fazer o plantio de 50 hectares. “É muito importante compreender que as ações de reflorestamento e de arborização urbana favorecem e facilitam a melhoria da qualidade de ar e sensação térmica. Atualmente, nós temos uma capacidade planto de 45 hectares por ano e isso ainda é insuficiente para lidar com a temperatura que a gente tem”, disse a secretária.
De acordo com os dados apresentados, a Zona Norte apresentou a maior média de temperatura no ultimo mês. Os cinco pontos mais críticos atingidos pela onda de calor foram: Complexo do Alemão, Bangu, Ramos, Pavuna e Maré. “Muito comum as pessoas associares as altas temperaturas à Zona Oeste, mas o que a gente observa é que há um deslocamento considerável para as zonas Norte e Central da cidade. As favelas e as áreas menos arborizadas vêm consolidando tanto o fenômeno das ondas de calor quanto das ilhas de calor”, explicou Tainá.
Pontos de hidratação
Os pontos de hidratação estão sendo implementados na cidade para aqueles que precisam de atendimento imediato. De acordo com o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, essa ação é essencial para casos mais graves. A prefeitura disponibilizou 150 salas de hidratação espalhadas em clínicas da família. Os pontos já estão disponíveis no aplicativo do Centro de Operações Rio (COR). Além disso, a distribuição de águas e isotônicos para a população de rua foi uma das medidas anunciadas.
“Nosso principal plano de contingência para situações de calor é de fato que a gente possa ter áreas de hidratação para população. Então, poltronas com opções de hidratação venosa e oral estão sendo instaladas em mais de 100 pontos na cidade”, afirmou Soranz.
O secretário ressaltou, ainda, a preocupação de desidratação em crianças e idosos. Segundo ele, mais de 10 internações de crianças com esses sintomas foram registradas durante a última onda de calor que atingiu a cidade.
Alerta de calor
Na última semana, o Centro de Operações apresentou uma nova nomenclatura dos estágios da cidade. O chefe-executivo do COR, Marcus Belchior, anunciou durante a coletiva que o calor será mais uma variável na mudança de estágios.
Foi anunciado, ainda, protocolos e monitoramento em eventos que acontecerão no Rio. “A cidade é uma das que mais recebe eventos de entretenimento. A gente se orgulha disso, mas não pode deixar de lado o fator calor e o estresse térmico. Por isso, vamos criar protocolos e monitoramento em eventos. Além disso, produtores de evento vão ter que promover ações para diminuir o impacto do calor ao público”, explicou Marcus Belchior.
No último dia 17, a estudante de Psicologia Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu após passar mal durante a apresentação da cantora Taylor Swift, no Estádio Nilton Santos, na Zona Norte. Ela teria se sentido mal por causa do forte calor que fez no local. Ana Clara era estudante da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), no Mato Grosso, e veio ao Rio apenas para assistir ao show da cantora americana.
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