Veja Rio – 30/10/2024
Plano de Contingência para Enfrentamento ao Calor Extremo inclui cinco níveis de alerta, orientando ações para enfrentar riscos proteger a saúde pública
As mudanças climáticas têm trazido ondas de calor cada vez mais intensas e frequentes, criando um cenário alarmante para a saúde pública global. O calor extremo não é apenas desconfortável; ele pode ser mortal. Uma das consequências mais graves dessa exposição é o golpe de calor (heat stroke), uma condição que ocorre quando o corpo perde a capacidade de regular sua temperatura, levando à febre alta, confusão mental, perda de consciência e, em casos críticos, danos permanentes ou até óbito.
Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o golpe de calor é responsável por milhares de mortes todos os anos em países expostos a ondas de calor, especialmente nas áreas urbanas densamente povoadas. Com o aumento global das temperaturas, cidades de todo o mundo enfrentam desafios inéditos para proteger seus cidadãos dos impactos do calor extremo, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade, como idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas. Diante desse cenário, o desenvolvimento de estratégias de prevenção e resposta tornou-se essencial para garantir a saúde e a segurança da população.
Protocolo Pioneiro do Rio de Janeiro: uma resposta inovadora e abrangente
Atento aos impactos das ondas de calor e ao crescimento das temperaturas urbanas, o município do Rio de Janeiro lançou um Plano de Contingência para Enfrentamento ao Calor Extremo. Sob a administração do prefeito Eduardo Paes, e com a colaboração do secretário de saúde Daniel Soranz e da superintendente de Vigilância em Saúde, Gislani Mateus Aguilar, o plano é o primeiro do Brasil e do mundo a adotar um sistema de cinco níveis de alerta, orientando ações para enfrentar os riscos do calor extremo e proteger a saúde pública.
Este protocolo, publicado nesta terça (29), é pioneiro mundialmente, estruturado para ser implementado com base em dados meteorológicos e epidemiológicos em tempo real, permitindo uma resposta escalonada conforme a gravidade da onda de calor. Em cada nível de alerta, o plano define ações específicas para a prevenção, preparação e resposta rápida, visando mitigar o impacto do calor sobre a população carioca.
Estrutura dos Níveis de Alerta e Ações Específicas
Nível de Calor 1 – Prevenção e conscientização, com orientações para o autocuidado, hidratação e proteção solar.
Nível de Calor 2 – Monitoramento intensificado, com atenção especial aos grupo mais vulneráveis, e aumento das campanhas de comunicação.
Nível de Calor 3 – Adoção de triagens e monitoramento de saúde em unidades de atendimento, além de orientações para minimizar o risco de golpe de calor.
Nível de Calor 4 – Abertura de centros de hidratação em unidades de saúde e mobilização das equipes de emergência para suportar a demanda.
Nível de Calor 5 – Resposta emergencial com suspensão de atividades externas, realocação de profissionais para áreas críticas e organização da rede para atender os casos mais graves.
Cada nível de calor é determinado pelo Índice de Calor (IC), que considera fatores como temperatura e umidade. Esses níveis de alerta permitem que a cidade atue de forma proativa, oferecendo medidas eficazes de proteção, especialmente em regiões mais vulneráveis ao calor extremo.
Proteção e monitoramento da saúde dos cariocas
O calor extremo não impacta todos de forma igual: idosos, crianças, pessoas com condições crônicas e trabalhadores expostos ao sol são os mais afetados. Para Daniel Soranz, a importância do plano está em garantir que a população, especialmente os mais vulneráveis, tenha acesso a uma rede preparada para responder às emergências de calor: “O plano define ações claras para cada nível de risco, mobilizando a rede de saúde para agir de forma coordenada e garantir que a população receba a proteção necessária em situações de calor extremo.”
Gislani Mateus Aguilar, que liderou a parte técnica do protocolo, reforça que o monitoramento em tempo real é essencial: “O calor extremo é um risco de saúde que muitas vezes passa despercebido até que seja tarde demais. Ao integrar dados meteorológicos e epidemiológicos, conseguimos monitorar e antecipar os efeitos do calor, protegendo a população de forma abrangente.”
Um exemplo de inovação em saúde pública
Além de proteger os cariocas, o protocolo de calor do Rio de Janeiro estabelece um novo padrão em saúde pública e resiliência climática. Em tempos de crise climática global, o plano coloca o Rio na vanguarda ao oferecer um modelo de ação que poderá inspirar outras cidades brasileiras e internacionais. Este protocolo demonstra que a proteção à saúde em situações de calor extremo é possível e necessária, provendo uma base sólida para que outras regiões possam desenvolver estratégias semelhantes e eficazes.
Com esta ação, o Rio de Janeiro se torna referência no enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas, servindo de exemplo para que cidades em todo o mundo adotem respostas coordenadas e baseadas em dados.